sexta-feira, 16 de maio de 2014

Que Eu Possa...!


Que eu me permita olhar, escutar e sonhar mais
Falar menos, chorar menos
Ver nos olhos de quem me vê 
a admiração que eles me têm 
Escutar com meus ouvidos atentos 
e minha boca estática, 
as palavras que se fazem gestos 
e saber ver os gestos que se fazem palavras.

Permitir sempre escutar aquilo 
que eu não tenho me permitido escutar.

Saber realizar os sonhos que nascem em mim, 
por mim e comigo morrem por eu não os saber sonhar.
Então que eu possa viver os sonhos possíveis e impossíveis, 
aqueles que morrem e ressuscitam a cada novo tempo, 
a cada nova flor, a cada novo calor, a cada nova chuva, 
a cada novo dia.

Que eu possa sonhar o ar, sonhar o mar, sonhar o amar...
Que eu possar acreditar que mesmo quando eu estiver
 à beira do precipício eu posso criar asas para voar. 
E saber também que muitas vezes um passo atrás 
não significa derrota, mas sabedoria.

Que eu me permita o silêncio das formas, 
dos movimentos, do impossível, 
da imensidão de toda a profundeza.
Que eu possa substituir minhas palavras pelo toque, 
pelo sentir, pelo compreender, pelo segredo da coisas raras, 
pela oração mental, 
aquela que a alma cria e que só ela, alma, ouve e só ela, alma, responde.

Que eu saiba dimensionar o calor, experimentar a forma, 
vislumbrar as curvas, desenhar as retas, 
e aprender o saber da exuberância 
que se mostra nas pequenas manifestações da vida.
Que eu saiba reproduzir na alma 
a imagem que entra pelos meus olhos 
fazendo-me parte suprema da natureza, 
criando-me e recriando-me a cada instante.

Que eu possa chorar menos de tristeza e mais de contentamentos.
Que meu choro não seja em vão, que em vão não sejam minhas dúvidas.
Que eu saiba perder meus caminhos, mas saiba recuperar meus destinos.
Que eu não tenha medo de nada, principalmente de mim.
- Que eu não tenha medo dos meus medos!

Que eu adormeça toda vez que for derramar lágrimas inúteis 
e desperte com o coração cheio de esperanças.
Que eu faça de mim uma mulher serena 
dentro da minha própria turbulência, 
sábia dentro dos meus limites pequenos e inexatos,
 humilde diante das minhas grandezas tolas e ingênuas 
que eu me mostre o quanto são pequenas 
as minhas grandezas e quanto é valiosa a minha pequenez.

Que eu me permita ser mãe, pai, filha, se preciso, ser órfã.
Permita-me ensinar o pouco que sei 
e aprender o muito que não sei, 
traduzir o que os mestres ensinaram, 
e compreender a alegria com que 
os simples traduzem suas experiências
respeitar incondicionalmente o ser, o ser por si só, 
por mais nada que possa ter além de sua essência, 
auxiliar a solidão de quem chegou,
 render-me ao motivo de quem partiu 
e aceitar a saudade de quem ficou.

Que eu possa amar e ser amada.
Que eu possa amar mesmo sem ser amada, 
fazer gentilezas a quem me dá carinhos,
fazer carinhos mesmo sem receber gentilezas.
Que eu jamais fique só, mesmo querendo ficar só.
***
"Hoje fiquei com febre a tarde inteira...!"
http://youtu.be/2qXElDoc5y4

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