Sim, digo ao meu médico que tenho dor no peito,
mas digo também que minha dor é dor de tristeza, é dor de angústia.
Conto ao meu médico que tenho azia,
mas descubro o motivo pelo qual, com meu gênio,
aumento a produção de ácidos no estômago.
Relato que tenho diabetes,
no entanto, não esqueço de dizer também
que não estou encontrando mais doçura em minha vida
e que está muito difícil suportar o peso de minhas frustrações.
Menciono que sofro de enxaqueca,
mas confesso que padeço com meu perfeccionismo,
com a minha autocrítica, que sou muito sensível a crítica alheia
e demasiadamente sofro de ansiedade.
Muitos querem se curar,
mas poucos estão dispostos a neutralizar em si
o ácido da calúnia, o veneno da inveja,
o bacilo do pessimismo e o câncer do egoísmo.
Não querem mudar de vida.
Se preocupam com a cura de um câncer,
mas se recusam a abrir mão de uma simples mágoa.
Pretendem a desobstrução das artérias coronárias,
mas querem continuar com o peito fechado
pelo rancor e pela agressividade.
Almejam a cura de problemas oculares,
mas não retiram dos olhos
a venda do criticismo e da maledicência.
Pedem a solução para a depressão,
entretanto, não abrem mão do orgulho ferido
e do forte sentimento de decepção
em relação a perdas experimentadas.
***
"Conte ao seu médico... Não trate apenas dos sintomas tentando eliminá-los
sem que a causa da enfermidade seja também extinta.
A cura real somente acontece do interior para o exterior...!"
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