Em Delfos ficava o templo de Apolo que fora construído
abaixo dos rochedos brilhantes.
Apolo deixara a Ilha Sagrada de Delfos para conquistar a Grécia.
Um golfinho guiou seu navio até a pequena cidade de Crisa e
disfarçado de estrela, em pleno meio dia, o jovem deus saltou do navio
e com chamas fulgurantes saindo de seu corpo
iluminou o céu num lampejar esplendoroso.
Apolo subiu até a colina íngreme, alcançou o covil do dragão
que guardava os rochedos,
matou-o e reivindicou a posse de todo o território
que ele pudesse ver de onde estava!
- Faço votos que encontre sua Afrodite bem depressa Órion, ou
abandone essa perseguição e volte para casa. Disse o amigo.
- Continuo firme em meus propósitos. Respondeu Órion piscando o olho.
-Seu problema é o romantismo.
Com um sorriso de canto Órion o ignora.
Acredita que ela está lá, talvez nas proximidades do Templo de Atena,
mas claro, para ter certeza tem que ir até lá.
Toda vez que ele fecha os olhos consegue vê-la
e a sensação é de que ela o espera durante séculos.
Certamente um poder maior o rege, sabe que algo muito especial o espera.
E assim segue viagem para a Grécia.
Os gregos erigiram os mais maravilhosos templos esculpidos em mármore,
com tal delicadeza e força que jamais foram superados.
O mais importante porém, é que eles deram asas à mente indagativa,
que acredita não haver limites para a razão.
"Onde estão as coisas do dia?
O que somos nós? O que somos nós.
Senão sombra de um sonho"
E lá estava ele, o pensamento queimava como fogo em sua mente,
queria gritar por ela, mas sussurrava:
- Amo você minha deusa adorada,
e nenhum outro homem jamais a tocará
ou a ofenderá com seus galanteios.
Você é absoluta e completamente minha!
Vou encontrá-la minha Afrodite...!
A luz era um resplendor divino, ele ama cada recando da Grécia
como se ali fosse sua eterna morada.
Certamente deveria seguir sua intuição se desejava ir ao encontro dela.
"Deixe a Aurora passar
Em corcéis de prata iluminando o céu
Os ventos abrandam-se e deixam o mar bramidor
Adormecer por um momento"
O Sol em seus cabelos e o perfil perfeito que se evidenciou
quando ela ergueu os olhos para o céu, não deixaram dúvida,
ela é mais adorável do que qualquer
obra de arte que ele já vira ou que pudesse existir.
Ele pensou que não era possível qualquer mulher parecer mais adorável.
Se aproximou e disse com voz eloquente:
- Faça-se claro o céu e permita-nos ver com nossos olhos a luz que nele brilha.
Ela sorriu ao olhá-lo e ele continuou:
- Como isto pôde ter acontecido?
Como pude vir ao seu encontro dessa forma tão inesperada?
No entanto tenho a impressão de conhecê-la por toda a eternidade.
Ela o encarou interrogativa
- Por que disse isso?
Sorriu outra vez para Órion e disse suavemente e hesitante:
- Foi exatamente o que senti ao vê-lo...!
Ele não a tocou, mas sentiu algo muito forte,
seus lábios estavam muito perto,
e ele desejou oferecer-lhe não apenas a boca,
mas seu coração.
Era grande a união que havia entre suas mentes,
mas ele queria mais, queria o amor.
Então a tomaria nos braços, beijaria seus lábios perfeitos.
Amaria seus traços, a sensibilidade de seus olhos,
sua voz que lhe causava estremecimento.
- Eu a amo...!
Você representa para mim tudo o que é precioso
e que torna rica a alma de um homem,
seja a sabedoria, a beleza ou a glória.
Os gregos acreditavam que o corpo de Apolo se espalhava pelo céu.
Intensamente viril, lampejando com um milhão de pontos de luz,
curando tudo o que tocasse, ele desafiava o poder das trevas.
E nesse momento ele era Apolo.
Era como se de uma forma estranha emanasse dele o poder,
a determinação e as vibrações do deus.
Segurando as mãos de sua deusa Afrodite,
olhando em seus olhos disse muito suavemente:
- Acredite em mim. Preciso tanto de sua fé como de seu amor!
- São seus... Totalmente seus.
Também o amo e não posso pensar em mais nada.
Os beijos os transportaram.
As três colunas do Templo haviam permanecido intactas,
atrás deles sobre um pilar caído estava a pedra de ara,
a pedra consagrada
e logo, estavam juntos em Delfos
era a luz de Apolo que os iluminava
Era não só a bênção de Deus,
mas também a bênção de todos os deuses da Grécia.
Eles se pertenciam.
Órion e Corina...!
***
"Apenas um lindo sonho... Onde minha alma passeia
quando adormeço...!"