Um dia o sentimento deixa de ser raso
Deixa de ser “meio”, metade-partida-vazia
Um dia deixa de ser “casca”,
pequeno nas sobras e escasso na entrega...
Deixa de ser vento-desatento-sem jeito-momento vago sem tempo.
Um dia deixa de ser gesto gasto e volta a ser afago- afeto-olhar...
Insinuação da pele, canção de (a)mar
Um dia volta a ser madrugadas de estrelas,
encontro de corpos, bocas, almas e sonhos...
Manhãs de olhares-promessas-intenções
conversa sem pressa, riso fácil, momento-colo-refúgio
toque-poro-pele-febre-arrepio,
olhar doce, sorriso de sol, gosto de céu...
Um dia deixa de ser verbo pra voltar a ser
beijo-desejo-malícia-carícia-delícia-sussurro-magia
pra voltar a ser TUDO, pra voltar a ser AMOR.
Dia em que o AMOR volta a ser de AMAR.
Um dia...
Por agora a vida segue nos “enquantos”
Segue seu rumo e todo momento fica meio bobo,
e o mundo gira sem “quandos”
Roda gigante de sentimentos distantes,
saudades se movendo em círculos, vontade esquisita,
e o tempo passa sem “instantes”
e a vida inteira ali, na palma das mãos
Frágil como flor, novamente espera, sua cor...
Pois, tudo que tenho é isso: essa busca constante,
e como um dia escreveu Clarice:
“(...)Eu não digo que eu tenha muito, mas tenho ainda a procura intensa e
uma esperança violenta. Não esta sua voz baixa e doce.
E eu não choro, se for preciso um dia eu grito (...)”
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