A Lua que tanto me encanta não veio hoje,
a chuva fina cai como uma névoa fria
e um vazio imenso me transporta para muito além de mim...
me envolvo em meus braços, não quero ir a sua procura
e um soluço corta minha garganta, e eu?...
...mesmo sem querer sussurro seu nome.
Sinto tanto a sua falta!!
Nada diminui essa distância, essa saudade,
nada, nada diminui,
é cada vez mais imenso esse vazio...
Quando digo seu nome é na esperança que o vento passe
e leve até você o meu lamento e o traga em forma de poesia,
mas sei, você não vem, e isso na verdade me confunde porque
ao mesmo tempo luto com o te querer, o não te querer,
eu não te quero, não, eu te quero tanto...
O quarto iluminado pela luz do abajur faz o vento brincar com
as sombras da cortina, devaneio assistindo a corpos que na parede
se enlaçam, se tocam, se beijam, se amam ao som da música
que um dia embalou os nossos corpos na fantasia.
Nó na garganta, aperto na alma, vontade louca, raiva...
Saudade extrema e extremada!
Não quero pensar, não quero imaginar você comigo,
não quero você, nossa, como eu quero você...
Escondo o rosto no travesseiro, chega de me iludir,
já não sei mais nada, não quero saber
e nesse instante
sinto o toque manso de sua mão em minhas costas
Arrepios e tremores sacodem meu corpo,
não abro os olhos, mas me entrego
e sinto esse momento mágico com você,
me deixo sentir, me deixo delirar, me deixo crer,
me deixo ser levada pelo seu carinho
Deixo que deslize sobre mim
toda eletricidade que sua mão me causa,
toda suavidade, delírio, delícia,
sussurro mais uma vez seu nome e você,
suavemente me leva em seus braços,
olha em meus olhos e sussurra o meu
e me diz baixinho: -Estou aqui, sou teu!
Seu corpo nu toca o meu, uma única corrente agora,
eu e você, você e eu, somos um só...
Um só desespero pela espera imensa de nos pertencermos,
uma só fúria de mãos que percorrem aflitas,
um só coração que bate uníssono e galopante...
Você está aqui!
Em mim! Em nós!
Nos amamos, entre beijos, carícias, toques,
cheiros, gostos, loucura...
Nos amamos entre saudades, distâncias, promessas, bocas...
Nos amamos entre gritos selvagens de prazer...
Nos amamos entre visões, ventos, arrepios...
Nos amamos em um balé causado pela luz do abajur,
pela música, pela dor da saudade...
Nos amamos na ilusão...
Nos amamos no adeus...
Nos amamos...
E eu?...
...continuo sussurrando seu nome!
***
"Quando o Sol brilhar completamente,
me beije uma última vez,
e eu começarei a viver a minha vida sem você
Então me beije... Para sempre...
Mesmo eu vivendo minha vida sem você..."